Dois meses após a morte de Lenilda dos Santos, a família que mora em Rondônia diz que sofre sem ter uma previsão de quando poderá velar e enterrar a técnica de enfermagem. Lenilda morreu no deserto tentando atravessar a fronteira entre o México e os Estados Unidos em setembro.
“Ela lutou até o fim. Eu acordo, eu não consigo fazer um café, não consigo limpar uma casa, não consigo fazer nada. Porque a gente vive um velório sem corpo”, desabafou Genifer Oliveira, uma das filhas de Lenilda.
No último mês, a família chegou a confirmar uma data para o translado: 20 de outubro, dia em que a rondoniense completaria 50 anos. No momento do embarque o translado foi adiado porque o agente funerário responsável pelo trâmite teria sofrido um infarto e sido hospitalizado em estado grave.
Um velório chegou a ser realizado para os familiares de Lenilda que moram nos Estados Unidos dias antes.
Atualmente o que impede o envio do corpo são trâmites judiciais. De acordo com os familiares de Lenilda, o consulado brasileiro nos Estados Unidos só deve assinar a certidão de óbito quando a perícia concluir o laudo com a causa da morte. A previsão é que isso aconteça somente daqui a um mês, quando o corpo poderá ser liberado.
O que diz o Itamaraty?
Ao g1, o Itamaraty informou que o Consulado-Geral em Houston, nos EUA, “acompanha com atenção o caso” e presta “toda a assistência cabível” dentro dos tratados internacionais e da legislação.
Disse também que, em caso de morte de brasileiros no exterior, o Ministério das Relações Exteriores fica responsável por “prestar orientações gerais aos familiares, apoiar seus contatos com autoridades locais e cuidar da expedição de documentos, como o atestado consular de óbito”.
Por fim, o Itamaraty informou que o translado é “uma decisão da família” e não há previsão regulamentar e orçamentária para o pagamento do translado com recursos públicos.
Relembre o caso
Filha de brasileira que morreu no deserto tentando entrar nos EUA fala ao Fantástico
Filha de brasileira que morreu no deserto tentando entrar nos EUA fala ao Fantástico
Lenilda saiu de Vale do Paraíso (RO) em agosto com o objetivo de atravessar a fronteira entre México e EUA, através do deserto, com ajuda de um coiote (pessoa paga para atravessar imigrantes ilegalmente pelas fronteiras). Ela estava acompanhada de dois amigos que moravam na mesma cidade e a conheciam desde a infância.
Os três viajantes passaram 33 dias na mesma casa esperando o melhor momento para atravessar o deserto. A caminhada iniciou em um domingo e já no dia seguinte Lenilda estava muito desidratada e passando mal.
Em áudios enviados à família, Lenilda conta que os amigos decidiram seguir caminho sem ela, mas voltariam para buscá-la. Ela só precisava seguir andando mais um pouco até o local combinado e aguardar por ajuda.
Lenilda foi encontrada morta nove dias depois, dia 15 de setembro. A família acredita que ela morreu de sede após ser abandonada pelos amigos de infância e o coiote. O vídeo abaixo mostra como a família acompanhava a localização dela pelo celular.
Vídeo mostra localização de brasileira no deserto dos EUA
Vídeo mostra localização de brasileira no deserto dos EUA
“Eles abandonaram ela na segunda. Ela ainda caminhou a terça todinha, chegou no lugar que tinha que chegar e ninguém veio buscar”, lamentou a filha.
O objetivo dela em ir para os EUA era trabalhar para pagar a faculdade das duas filhas e garantir uma melhor qualidade de vida para os familiares.
Fonte JARU ONLINE
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